domingo, 22 de março de 2015

Lucidez cadê você? Parte I



Março já está no fim.
Como anda aquela sua determinação de ano novo?
Onde está aquele seu plano de desenvolvimento?
Sim, você fez um plano quando aprendeu que
"nem só de pão vive o homem." 
Not by bread alone!



As férias já acabaram há muito tempo.
Você não está mais no mundo a passeio.
Pelo menos não mais de férias.
E mesmo que estivesse, por que não dar uma mãozinha?
Uma pequena ajuda ao seu próprio destino.
À sua caminhada de desenvolvimento para se tornar uma pessoa melhor.

Tentando lembrar o que mais me deixou consciente e alerta no começo
do ano quando fiz meus planos de desenvolvimento pessoal,
eu lembrei dessa peça de teatro que assisti em Tel Aviv.

Todo o elenco é formado por atores cegos e surdos.
Um desafio.
Alguns deles falam hebraico e as falas são poucas, mas aparecem em inglês
refletidas no alto do palco e nas laterais.
Boa parte do texto é transmitido por língua de sinais.
Você não sabe se olha pro palco ou para a legenda.
Uma aventura, um desafio que tira você da sua zona de conforto.
Faz você pensar e usar seus outros sentidos.

A peça provoca seus sentidos, começando pelo toque.
Eles socam, batem e amassam a massa do pão com muita destreza.
São especialistas no toque.
Ah, o toque!



Observar o ator que procura a ponta da mesa, que toca o cotovelo do outro pra informar que é a vez dele de falar e caminha com precisão pelo palco é impressionante.
Mas, para o meu espanto,
era eu quem me sentia lúcida.
Ligada. Presente.

Me peguei imaginando como era ver o mundo sem olhos e sem os sons?
A melhor lição de comunicação que já tive na vida.

E depois vem aquele cheiro maravilhoso de pão sendo assado.
Enche o teatro, suas narinas, sua mente.
Um aroma e uma sensação de calor...
Ah, o olfato!


Será que eles estão assando esse pão de verdade?
Não é possível!
Sim , estão!
Não acreditei!

No final da peça, você ainda é convidado a experimentar o pão.
O pão amassado, feito na hora, feito no palco,
por um grupo de pessoas cegas e surdas,
sorridentes e inacreditavelmente capazes de se comunicar.
Uma delicia.
Um paladar de comunicação, de união e de clareza.

Seja bem-vinda, lucidez!




Por Simone Vieira Resende

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