Ele me disse que sente que não adianta se esforçar para me agradar que o meu sentimento de
carência é tão grande que não importa o que ele faça, o quanto ele se esforce
para me agradar ou para suprir essa carência, nunca será o suficiente, porque é
uma carência eterna e insaciável.
Quando ele disse isso me lembrei de uma frase
da Clarice com a qual eu me identifico muito. A liberdade é pouco para mim. O
que eu quero ainda não existe, ainda não inventaram, ainda não tem nome. Acho
que ele esta certo.
Eu tenho mesmo uma INSATISFAÇÃO perene na minha alma, na
minha vida, que não me deixa ver o lado cheio do copo, por mais que eu seja uma
pessoa otimista e positiva, e isso eu sei que sou. No fundo é como se alguma
insatisfação, ainda inconsciente para mim, estivesse mesmo sempre presente na
minha vida. E mesmo quando eu consigo uma coisa que queria muito, olho para ela
e sinto come se não tivesse a menor importância. Ë exatamente por isso que às
vezes, quando eu faço coisas sem planejar muito, como ajudar alguém, cuidar dos
outros, quando eu faço qualquer tipo de caridade, me sinto como se tivesse
alcançado alguma coisa que sempre quis.
Será esse o segredo da satisfação?
Satisfazer o outro?
Acho que sim.
Muito estranho isso.
Então, agora determino que vou:
Mudar a cara de carente que eu faço quando as
coisas não acontecem como eu quero. Na verdade, não vai bastar mudar a minha cara. Porque
eu sei que sou boa atriz e que posso fingir muito bem. Mas, eu não quero
fingir, eu quero realmente sentir que não preciso daquilo, que aquela
incompreensão, aquela falta, aquele sentimento realmente não me afetou.
Sem fingimento, sem negação, apenas aceitação de que eu mudei e posso
mudar sempre.
SI