quarta-feira, 4 de junho de 2008

Afônica


Shush!




Junho de 2008

 
Esse tipo de pensamento sempre me ocorre, eu penso muito, e mais, o tempo todo, porém é durante esse período que eles se acentuam mais. Sim, a TMP!

Os comos e porquês da vida parecem muito difíceis de se entender quando seus hormônios estão tão loucos quanto as idéias que você tem. Estou escrevendo pela primeira vez, a vontade veio depois de três dias completamente afônica, usando um bloquinho para pedir às coisas que quero e responder as pessoas que mesmo sabendo do problema ainda insistem em uma resposta quando me questionam.

Essa vontade louca de dizer tudo que se passa pela minha cabeça, minhas angústias, minhas loucuras e coisas sem propósito nenhum.


Ele veio aqui ficar comigo hoje, impressionante como essa fase de mudinha me fez ver que o silêncio tem o seu lado bom, e não só o enlouquecido.  Depois de cinco anos de relacionamento, as coisas vão ficando mais complicadas, parece que a comunicação já não se faz tão importante.

Normalmente, eu ouviria ele contar tudo o que fez o dia todo, onde foi, com quem falou, o que fez na noite anterior, quanto saiu com os amigos, me contaria tudo, tudo, tudo...só que hoje não foi bem assim, não era eu a mudinha da história? Pois bem, a conclusão vem bem depressa, como poderia eu saber tais coisas sem questionar o que ocorreu? Como não posso falar, fiquei quietinha esperando que ele de alguma forma começasse a contar, porém mudo ficou ele, não por laringite aguda como eu, mais por puro e grande alívio de se ver livre dos questionamentos de uma pessoa que não cala a boca e nunca para de perguntar, onde você foi, com quem, fazer o que?

Liberdade, esse é o sentimento que fica claro, nas pessoas ao meu redor! Ela finalmente parou de questionar tudo e todos, estamos salvos!

A vida é assim mesmo, 30 anos que eu levei para entender, um pouquinho de como falar demais pode ser prejudicial a saúde, namoro, casamento, trabalho, enfim, tudo!  O negocio tem que ser ouvir, quem ouve aprende, cresce, amadurece, ganha experiência, fica sábio, paciente, calmo e louco!  Louco pra contar tudo pra alguém. 


Todos meus colegas de profissão, me dizem que a melhor coisa de ser professor é que você sabe tudo sobre os seus alunos, eles se abrem, te contam os segredos, principalmente nas aulas com debates, eles contam tudo deles, da família, das idéias, o professor sempre sabe pelo menos um pouquinho de cada um, e os alunos?

Não sabem nada de você! Professor escuta, escuta muito e fala, fala do conteúdo e não da vida pessoal, comigo é diferente, por isso é que eu, na maioria das vezes me dou mal! Eu conto tudo, todo mundo sabe onde eu moro, o que eu faço, do que eu gosto. Você fica muito vulnerável quando conta tudo! Fica íntimo demais, e é claro que os alunos se aproveitam disso.  Mas quando se está afônica, se ouve muito! Ouvir é sábio, é uma dádiva. 

Meu nome tem origem hebraica, quer dizer aquela que ouve, a ouvinte! Dá pra acreditar! Que ironia, eu gosto é de falar...agora estou tendo que aprender a escutar. Tudo o que eu queria hoje era poder falar, mas ainda bem que não posso, por que  se eu pudesse eu iria reclamar, discutir, brigar e colocar pra fora tudo que esta me deixando como uma panela de pressão, minha cabeça parece um trem Maria fumaça, meu coração apertado e minhas idéias borbulhando. Amigos aproveitem, há sinal de tempestade, o médico só me deu cinco dias de silêncio total! Santo silêncio! Tem que servir pra alguma coisa!

           
    Si.