sexta-feira, 2 de abril de 2010

O começo


Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar...

Fernando Pessoa.

Eu adoro advérbios. Sabe por que? Eles sempre ajudam a expressar exatamente aquilo que você sente na quantidade certa, nem mais nem menos, a quantidade certa. Eles ajudam também quando você não sabe a quantidade certa, mas sabe que eles modificam suas ações! Amo os advérbios! Então, vai ser assim mesmo que vou registrar: estou gostando imensamente de um amigo. Gostando tanto que sinto falta quando não estamos perto um do outro. Penso com carinho nele o tempo todo, me sinto em paz quando a figura dele me vem ao pensamento. Sinto-me muito à vontade do lado dele e quando estamos juntos não quero estar em outro lugar, que não seja ali.  O melhor de todas as dádivas do amadurecimento, se é que há mesmo alguma: reconhecer quando se gosta de alguma coisa ou de alguém e o melhor de tudo: gostar, simplesmente por gostar, gostar sem querer ser retribuído no sentimento, gostar sem expectativas de que o sentimento será recíproco, gostar por gostar, como se isso fizesse mais por mim, do que por ele, sem querer nada em troca por isso. Quando leio meus textos antigos, e vejo minhas reclamações em relação ao meu relacionamento anterior, ou até mesmo em relação as minhas amizades, sempre me deparo com a ideia de que “é dando que se recebe”, mas não aquela ideia caridosa, não a ideia da doação, mas sim, o sentimento de: “já que estou te amando, você tem que retribuir!” “sempre fiz tudo por você e você nada por mim!” Como é bom saber que posso gostar de alguém e sentir que NÃO quero, não espero nada de volta dessa pessoa. Quero simplesmente gostar dele, sentir isso e curtir essa sensação de estar feliz quando estou perto de alguém tão agradável. Estou me superando no uso dos advérbios, não é mesmo?