Para
realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso
realizar é não realizar...
Fernando
Pessoa.
Eu
adoro advérbios. Sabe por que? Eles sempre ajudam a expressar exatamente aquilo
que você sente na quantidade certa, nem mais nem menos, a quantidade certa.
Eles ajudam também quando você não sabe a quantidade certa, mas sabe que eles
modificam suas ações! Amo os advérbios! Então, vai ser assim mesmo que vou
registrar: estou gostando imensamente de um amigo. Gostando tanto que sinto
falta quando não estamos perto um do outro. Penso com carinho nele o tempo
todo, me sinto em paz quando a figura dele me vem ao pensamento. Sinto-me muito
à vontade do lado dele e quando estamos juntos não quero estar em outro lugar,
que não seja ali. O melhor de todas as
dádivas do amadurecimento, se é que há mesmo alguma: reconhecer quando se gosta
de alguma coisa ou de alguém e o melhor de tudo: gostar, simplesmente por gostar,
gostar sem querer ser retribuído no sentimento, gostar sem expectativas de que
o sentimento será recíproco, gostar por gostar, como se isso fizesse mais por
mim, do que por ele, sem querer nada em troca por isso. Quando leio meus textos
antigos, e vejo minhas reclamações em relação ao meu relacionamento anterior,
ou até mesmo em relação as minhas amizades, sempre me deparo com a ideia de que
“é dando que se recebe”, mas não aquela ideia caridosa, não a ideia da doação,
mas sim, o sentimento de: “já que estou te amando, você tem que retribuir!”
“sempre fiz tudo por você e você nada por mim!” Como é bom saber que posso
gostar de alguém e sentir que NÃO quero, não espero nada de volta dessa pessoa.
Quero simplesmente gostar dele, sentir isso e curtir essa sensação de estar
feliz quando estou perto de alguém tão agradável. Estou me superando no uso dos
advérbios, não é mesmo?