segunda-feira, 25 de março de 2013

Caderno de viagem

O meu melhor amigo


Eu janeiro desse ano comprei um caderninho de capa vermelha,
desses com pauta e capa dura, do tipo pequeno que é pra levar na bolsa.
Eu e o caderno fomos viajar nas férias.
Excelente companhia.
Durante o almoço ele sempre me acompanhava.
Passava para os outros a mensagem:
"estou ocupadíssima, não falem comigo."
Ficamos duas semanas nos curtindo,
até que na terceira semana encontrei outro amigo.
Agora de carne e osso.
Abandonei o caderninho de volta na bolsa.
Para resgatá-lo na próxima jornada.


Simone Vieira Resende

Histórias da vida real: oficina de memórias
Estação das letras


segunda-feira, 18 de março de 2013

A dor


Todos têm uma história, 
têm uma dor.
Gostam de mostrar a dor.
Gostam de falar dessa dor.
Como se falando dela, ela não pudesse ser esquecida.
Não é dor boa.
Mas, é dor cultivada.
Daquela que se acostuma e não se pode mais viver sem,
a dor é tudo o que se tem.

Simone Vieira Resende

Texto produzido na oficina História da vida real: oficina de memórias.
Estação das letras



segunda-feira, 11 de março de 2013

Memórias






Hoje, eu, a criança crescida,
olho para trás, me vejo menina,
no meu castelho nas montanhas,
protegida no colo da mãe.

Ontem, eu, mulher pequenina,
olho para frente, me vejo mulher,
longe do meu castelo, não mais protegida,
livre.

Simone Vieira Resende

Texto escrito durante o encontro na Estaçào das letras: Páginas da vida real: oficina de memórias.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Carnaval


Hula Hula!


Ela tinha exatos 7 anos.
Era uma havaiana.
Daquelas vindas de Honolulu mesmo.
Usava saia de flores, sutiã com a mesma estampa da saia.
Rosa. Tudo era rosa.
A estampa tinha flores azuis e vermelhas.
Na cabeça, ela tinha um lenço. 
Feito com o mesmo tecido da saia e do sutiã.
Ideia da sua avó, que costurou tudo com carinho.
A peça mais importante do modelito era o seu colar de havaiana.
Todo feito com flores de plástico rosa.
Ele dava duas voltas no pecoço.
A pose para a foto era especial.
Pose de açucareiro, duas mãos na cintura e sorriso no rosto. 



Simone Vieira Resende

História da vida real: oficina de memórias.
Estação das letras